Mesmo o aumento do tempo de prateleira de produtos ser um grande desafio para a indústria alimentícia, existem diversos métodos de conservação que possibilitam alcançar validades cada vez maiores.
Quer saber mais sobre essas técnicas? No post de hoje, irei explicar as principais utilizadas no mercado e os benefícios que um maior shelf life pode trazer aos seus produtos!
Principais métodos de conservação
Primeiramente, entender quais as técnicas disponíveis para aumentar o tempo de prateleira dos seus produtos é imprescindível para escolher a que mais se encaixa para suas necessidades.
Como eu mencionei, existem diversos métodos e cada um trabalha de forma diferente. Dependendo do seu produto, pode ser mais interessante submetê-los a tratamentos com altas temperaturas, para outros pode ser interessante o uso de aditivos alimentares.
Para te ajudar a entender mais sobre esses processos, falaremos sobre os principais métodos de conservação, nas categorias listadas abaixo:
- Pelo uso de aditivos;
- Pelo calor;
- Pelo frio;
- Pelo controle de umidade;
- Pela adição de solutos;
- Pelo uso de métodos de selamento.
Confira abaixo a explicação sobre cada um!
Conservação pelo uso de aditivos
Esse método é um dos mais populares e, com certeza, um dos que mais traz resultados.
O uso de aditivos alimentares, regulamentado pela ANVISA, permite que você aumente a validade dos seus produtos de forma mais fácil e controlada. Para isso, existem diversas classificações de aditivos alimentares, cada uma com a função de combater um problema específico.
Dentre as principais, temos os conservantes, que atuam contra o bolor; os antioxidantes, que retardam os efeitos negativos que o oxigênio causa nos alimentos; os antiumectantes, que diminuem a quantidade de umidade retida pelos produtos; entre outros.
Conservação pelo calor
Pensando no aumento do tempo de prateleira, as altas temperaturas funcionam como um meio para eliminar ou inativar os microrganismos presentes no produto.
Esse tipo de tratamento térmico pode ser realizado de duas formas: pela pasteurização e pela esterilização.
Pasteurização
A pasteurização, um método bastante antigo, consiste na elevação de temperatura do produto – por um tempo variável – seguido de um brusco resfriamento do alimento.
Esse processo de aquecimento e choque térmico elimina a maioria dos microrganismos presentes no alimento, por conta de sua sensibilidade ao calor e às mudanças de temperatura. Desse modo, a conservação dos produtos ocorre por muito mais tempo, além de interferir pouco nas características naturais deles.
A pasteurização é realizada em maquinários específicos para essa função e, normalmente, é utilizada para conservação do leite e alguns enlatados.
Esterilização
Assim, como a pasteurização, a esterilização utiliza altas temperaturas para controlar os microrganismos no alimento.
A diferença entre os dois processos, porém, é que a esterilização utiliza de temperaturas mais intensas e busca eliminar até os microrganismos em forma de esporos.
Por conta dessa particularidade da esterilização, os alimentos podem sofrer alterações nas características normais deles, como sabor, cor e aroma.
Além disso, esse tipo de processo é bastante comum para comidas enlatadas também!
Conservação pelo frio
Ao contrário do tratamento pelo calor, aqui os microrganismos são submetidos a baixas temperaturas. Essas condições diminuem bastante suas atividades deteriorantes e retardam o envelhecimento dos produtos.
Para isso, existem duas técnicas principais: o refrigeração e o congelamento.
Refrigeração
Esse processo, bastante comum, busca utilizar de temperaturas mais baixas que a ambiente para melhorar a conservação do alimento. Apesar disso, uma característica desse método é que ele não altera o estado da água no produto (líquida para sólida).
Assim, costuma-se referir a refrigeração como o resfriamento do alimento aproximadamente de 7 ºC até 0 ºC. Como atenção, porém, é preciso entender que cada alimento pode necessitar de uma refrigeração mais intensa ou não.
Congelamento
Na conservação pelo frio, ainda, o congelamento também reduz o crescimento microbiano, mas utilizando temperaturas ainda mais baixas.
Para esse processo, são recomendadas temperaturas de -18 ºC ou inferiores, que é um intervalo efetivo para a inibição total de microrganismos.
Assim como na refrigeração, é preciso estudar as necessidades de cada alimento e entender qual a temperatura ideal para o congelamento.
Conservação pelo controle de umidade
Passando adiante, também é possível conservar melhor os alimentos ao retirar a água presente neles.
A explicação é simples: todo ser vivo necessita desse componente para sobreviver. Logo, se restringirmos a quantidade de água nos alimentos, dificultamos a permanência desses seres nos produtos, retardando os efeitos negativos dos microrganismos.
A fim de realizar esse processo, temos quatro principais técnicas que utilizam o princípio: a secagem artificial, a secagem natural, a liofilização e a atomização.
Secagem artificial
O primeiro processo de controle de umidade que iremos falar é a secagem artificial. Esse método industrial utiliza, principalmente, de correntes de ar quente para eliminar parte da água contida nos alimentos.
A circulação do ar aquecido permite desidratar o produto e conservá-lo por mais tempo. Exemplos de produtos que passam por essa técnica são os pacotinhos de frutas desidratadas, bastante encontradas nos mercados, como maçã e banana.
Secagem natural
Outro processo de desidratação muito comum é a secagem natural. Aqui, a água dos alimentos evapora de forma natural ao expor o alimento ao calor ambiente.
Essa técnica funciona melhor em regiões de clima mais quente e possui custos baixíssimos comparados ao da secagem artificial, já que não são necessários equipamentos para fornecer energia.
Porém, a desidratação natural possui suas desvantagens por ser um processo mais lento, menos padronizado e com chances de contaminação por insetos e roedores.
Liofilização
Como particularidade, técnica de liofilização na verdade utiliza de alimentos congelados (a vácuo) e a sublimação da água congelada – passagem do estado sólido para o de vapor.
Para sublimar a água, porém, não é utilizado calor. Esse método é realizado a partir da mudança de pressão no maquinário que faz com que a água mude de estado físico.
A liofilização é bastante restrita, pois atua em alimentos que não podem sofrer aquecimentos normalmente (mesmo que pouco), para não interferir nas características normais deles, e possui custo bastante alto.
Como exemplos de produtos que podem ser liofilizados são frutas, hortaliças, carnes, além de ser o processo utilizado para preparar as comidas enviadas em missões espaciais para os astronautas!
Atomização
O último principal processo de desidratação é a atomização. Também chamado de spray drying, esse processo industrial utiliza de correntes de ar quente para secar produtos líquidos e transformá-los em pó.
Como vantagens desse método, o armazenamento, distribuição e transporte dos produtos se tornam muito mais fáceis e baratos – por diminuir o volume e peso da mercadoria. Além disso, os produtos em pó são conservados por mais tempo, já que a água é eliminada.
Dando exemplos de produtos atomizados, podemos citar o leite em pó, sucos de fruta em pó e o café em pó também!
Conservação por métodos de selamento
Por fim, além dos tratamentos térmicos e da adição de algum componente ao produtos, outros métodos bastante eficientes estão ligados ao modo de embalo dos alimentos.
Depois de prontos, a primeira proteção dos alimentos com certeza é sua embalagem. Para fortalecer ainda mais essa proteção, é possível utilizar técnicas como o fechamento à vácuo ou a atmosfera modificada como soluções!
Fechamento a vácuo
Essa técnica de conservação consiste em selar os alimentos a vácuo, retirando todo o ar do interior da embalagem.
O benefício desse processo é que o alimento deixa de entrar em contato direto com o oxigênio do ambiente, principal causador da rancificação – um problema muito comum na indústria.
Além disso, com a retirada do ar, os microrganismos aeróbicos (que necessitam do oxigênio para respiração) não conseguem sobreviver no alimento, diminuindo bastante as taxas de contaminação.
Ainda, é possível realizar o fechamento a vácuo de forma caseira em conservas ou com equipamentos e maquinários específicos para a indústria.
Atmosfera modificada
Como último método, mas bastante utilizado por grandes indústrias, temos o uso de atmosfera modificada nas embalagens dos alimentos.
Assim como o fechamento à vácuo, esse método retira o ar ambiente dos pacotes, mas ao invés de selar o produto sem gases internos, ele é substituído por uma mistura de compostos sem oxigênio.
Esse mistura permite obter vantagens assim como a atmosfera modificada, mas possibilitando manter o volume da embalagem. Essa característica é bastante interessante para determinados produtos, como salgadinhos, que são facilmente esmagados e precisam de maior proteção física.
Qual método de conservação escolher
Nossa! Pensando no grande leque de possibilidades apresentado, fica até difícil entender qual a melhor técnica e escolher uma para aplicar nos seus produtos.
Primeiramente, precisamos entender que cada produto tem suas particularidades e pode responder melhor a um método do que a outro. Além disso, é possível combinar diferentes procedimentos, como uso de aditivos e fechamento à vácuo das embalagens!
Outro ponto importante é avaliar o custo-benefício de cada opção. Por exemplo, apesar de trazer resultados incríveis, o uso de atmosfera inerte nas embalagens possui altos custos de implementação e encarece a produção. Enquanto isso, o uso de aditivos alimentares consegue trazer bons resultados por um preço muito menor.
Desse modo, o primeiro passo é avaliar o retorno que cada método pode trazer, entender as necessidades do seu produto e qual técnica se encaixa mais na sua produção e no seu bolso.
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